"Eu não escrevo poesia, não escrevo poema. Eu só desnudo minha alma." Fátima Amaral

quarta-feira, 25 de abril de 2012

Refém antigo


Refém antigo, velho conhecido das dores artificiais, dos artifícios carnais.
Dos venenos corrosivos ao sangue, nas veias, injetados.
Das dores por escolha escolhidas, que com o passar dos anos passam a ser suas, como se tivesse sido assim por toda sua vida.
Velho conhecido dos becos e esquinas, se esquivando da luz, sempre a meia cara, a meia noite a meia morte.
Velho sujeito, ser adjetivo, "insubstancial", vivo, substância corrosiva, nociva. E ainda vivo.
Perambulando entre sãos e dementes não sabendo em qual dos dois fica contente ou ausente.
Sem ser parte de algo efetivo, apenas vivo.
Absurdamente vivo, ínfimo, inflamado fugaz, intrigado com trincheiras de teias artificiais tão nocivas, tão letais.
Atrás de atrasos de horas, sempre atrasadas, vivente andarilho, sem presente.
Pescador não de sonhos, mas de ilusões, de efêmeros sentidos, nunca de verdade sentidos.
Vitima de suas escolhas, refém antigo, tão antigo que se perdeu no tempo, sem nenhum alento, vivendo assim, um passo a frente um atrás, e não é dança é atraso.
Com as dores se entende, é delas o tempo todo, já conhece todas as suas mesquinharias e divide com elas todas as suas agonias. Velhos amigos.
É objeto, é dilacerante em si mesmo, ser titubeante, indireto, indigesto
Já foi vida, agora e nada mais que vestígio de alguém que nunca tenha vivido, uma máscara, quem sabe um feto.

sábado, 21 de abril de 2012

Ainda...

Ainda sou linhas divididas
Em estações distantes.

Ainda não me dei brilho
De pedra com apreço. 

Ainda não atravessei a ponte,
Mesmo sabendo de cor
A quantidade de passos.

Ainda não me fiz verso
Nem canção
Nem poesia.

Ainda nem troquei a pele
que usei outro dia.

Ainda não descobri
Onde começa o recomeço

Ainda não me descobri avesso.

segunda-feira, 16 de abril de 2012

Opostos

Angústia de cio
Gotas de suor frio
No calor da pele
Que aos poucos
Adere
Repele
Contraposto
A impaciência do querer
Soltar
Prender
Sem saber
Indisposto
Gosto
Choque térmico
De calafrios
Ao quente do peito
Vivemos
Desse jeito
Provas do meu veneno
Em teu oposto
De teu doce
Em meu gosto
De sorrisos e choros
Dis(postos)
Somente assim há gosto
Só assim há efeito
De opostos somos feitos.

domingo, 8 de abril de 2012

Realidade mascarada

Sonhei que eu era uma máscara.
Sonhei que eu era uma farsa.
Uma força contraditória
Numa fraqueza exata.

Sonhei que eu era forte
Que não temia a morte,
Sem a vida incerta
Na morte certa.

Sonhei que por trás da máscara
Não havia nada,
Dava um alívio inquieto
Por não precisar
Ser correto.

Sonhei que, na minha farsa
Andei tanto, em tantos lugares
Não vi sagrado nos altares,
Não ajoelhei perante os céus.

Sonhei que eu era o nada
Onde tudo cabia
Sem lamentos
Nem água fria.

Sonhei que ao virar
Naquela esquina... estremecia.
A farsa sumia
E não reconheci o rosto
Que para mim sorria

Acordei sufocada
Tremia.
Com a realidade quente
Batendo os dentes.

Procurei a máscara...
E a encontrei, subentendida aqui.


terça-feira, 3 de abril de 2012

Escolhas



Coloquei essa frase no fb e a Luna carinhosamente a colocou nessa imagem. 
Obrigada!! Achei Linda!!