"Eu não escrevo poesia, não escrevo poema. Eu só desnudo minha alma." Fátima Amaral

segunda-feira, 22 de março de 2010

Pele

Queria poder expressar em palavras

o que minha pele diz colada ao teu corpo.

O calor fica perfeito, meu coração batendo em teu peito.

Como mostrar em palavras que o suor é lindo.

Que o teu gosto é do meu gosto.

Que o que diz é tudo que quero ouvir.

Que tuas mãos é somente o que quero sentir.

Que o arrepio é sublime!

Como falar sobre esse desejo que minha pele com exatidão exprime?

Não, nem tento, as palavras não são suficientes.

A pele se expressa melhor.

Eu apenas falo.

Ela na verdade sente.

terça-feira, 16 de março de 2010

Os Noturnos

Perambulam pelas noites, a madrugada e sua preferida, sua atenção, seus sentidos todos voltados aos mínimos detalhes do chão, procuram nele tesouros, ás vezes tem a impressão que acham; param, pegam, analisam, percebendo que não é jogam e continuam mais aflitos e mais atentos. Qualquer volume que encontram pela frente pode ser o pote e a esperança de estar dentro dele o que tanto necessitam, abrem, vasculham, pegam muito raramente algo que lhes parece ter valor, saem, ficam com a impressão que não olharam direito, voltam vasculham novamente certifica-se que nada mais há de valor, deixam tudo espalhado e prosseguem na infinita busca da pedra preciosa. Suas idades são todas possíveis. Mulheres, homens, aguçados inquietos; fazem o mesmo caminho diversas vezes. Todas as noites: há de existir algo que deixaram passar despercebido. A noite vai alta. O cansaço não existe. São caçadores sem medo, nunca desistem da constante procura noturna por mais uma pedra que lhes parece preciosa, mas não percebem que é a morte disfarçada com o nome de droga.