"Eu não escrevo poesia, não escrevo poema. Eu só desnudo minha alma." Fátima Amaral

sábado, 31 de julho de 2010

Plena

Quero a vida real
Sem ilusões de máscaras
Sem filosofias vãs
Ser apenas natural

Quero a fé verdadeira
Crer por crer
Sem explicações à templos
Aquela que se encontra aqui dentro

Quero somente a verdade
Não importa intensidade
Não quero ilusões de viagens
Labirintos de vertigens

Quero chão que eu pise
Não quero meias propostas.
Não quero quase chegar lá
Quero lá estar

Quero vida tatuada
Não quero vida de giz
Não quero mentiras
Quero raiz

Não quero rir por rir
Quero motivo pra isso
Nem que seja necessário
Refazer o início.

Não quero muito ter
Só o que tenho direito
Quero apenas ser
O ser do meu peito

quarta-feira, 28 de julho de 2010

Refém

Há um ladrão dentro de mim.
Que me assola,
Me espanta,
Me assusta.

Age por conta própria
Domina a ordem,
Faz da pulsação
A desordem.

Digo a ele não!
Não escuta,
Reluta.
Me assombra,
Me faz tremer.

Tendo a adrenalina
Como comparsa
Fico refém.
Não há o eu faça.

E mesmo sabendo
Que não é o certo,
Me convence
E me deixa perto
Tão perto,
Que não enxergo.

Sem se importar
Se vai me aprisionar.
Resiste.
E me deixa sem ar.

E rouba, cinicamente rouba!
Mesmo sob protesto meu.
O sabor do beijo teu.

quarta-feira, 21 de julho de 2010

Sensibilidade

Dormiram dentro da minha alma
As dores e a calma.
Fiquei com a agonia
Cegando-me, não via.

Tateando no escuro.
No torpor de passos.
Não querendo acordar o espaço.
Que em mim residia.

A crença, amiga de horas frias
Em conversa com a alma minha
Em acordo chegaram e diziam...
Que finde a letargia.

Num gesto de clemência.
Os olhos foram abertos.
O tempo pegou as dores.
E a calma fez o dia.

Na claridade que agora se fazia,
Dentro do espaço que não mais dormia.
A calma falava em linhas.
As dores em entrelinhas.

Dando novo sentido aos sentimentos,
No encaixe perfeito que o tempo fazia.
Ao entender a prece, aceitei o que dizia...
Liberte-se em poesia!

domingo, 18 de julho de 2010

Metade

Onze anos de distância.
Onze anos de saudade.
Onze anos de aprendi a ser só.
Onze anos de não me sinto solitária.
Onze anos de estou bem, não se preocupem.

Onde carreguei os onze anos?
Nos onze anos de ombro.
Nas onze cruzes carregadas.
Mas também nos onze anos
De novas estradas.

Horas de dores minha?
Milhonésima de milhão e mil.
Sem esquecer centésimos,
Segundos, minutos e algo além das
Vinte e quatro horas.

Horas que me conformei?
Zerocentos e zerenta e zero.
Qualquer décimo abaixo da escala,
Figura o tempo de sentir
O dor de onze anos.
Quem dera a distância,
Fossem apenas oceanos
Mas ok me conforto.
Sobrevivi, vivo e rio.

Onde andei, importa.
Foi dolorido; mas...
E exatamente aí que está
Um dos segredos das portas abertas.
As portas da alma.

Aonde chego é o que vale
Agora vejo novamente
Rios vales, e muito além deles
É o que mais vale.

Sem a intenção de ser dramática,
Mas apenas de dizer:
Dói; e “a” dor... dói muito.
É fato.
E muito menos melodramática,
Mas há a beleza do amor.
Apesar de trágico
Amo! Além da morte.

Apesar de não compreender,
Agradeço,
De sempre e ainda amar
Então tá. Aceito.
Que seja assim até
Infinitamente infinito fim.

sexta-feira, 16 de julho de 2010

Vil Criatura

Bebe a ti mesmo.
Come a ti mesmo.
Como vil criatura,
Insaciável.

Faz do vazio tua opção.
Faz da mentira tua jura.
Da ilusão tua oração.

Destrua a ti mesmo.
Divida-se em pedaços.
Dê aos pedaços.

Esquece de ser.
Para apenas ter.
Iluda-se.
Consuma.
Suma.

terça-feira, 13 de julho de 2010

Desejo

Carente, à espera de um beijo ardente,
De alguém que não o sente.
Passaram-se os anos de inocente,
Olho com desejo, querendo sentir teu gosto,
Tua boca, com certeza quente.


Provocas-me sem saber.
Meu corpo grita pelo seu ansiosamente,
Queimo de desejo, você fica displicente.


Fico à espera
De um beijo que acalente.
Deixa-me tocar-te,
Pra sentires todo o desejo
De alguém que veio de um ventre.


Mas que agora, homem,
Sonha em voltar pra próximo do teu.
Com desejo, ousadia.
De forma prazerosa,
Só nossa... unicamente.


Sem cobrança, sem medo,
Só o desejo, talvez só o permitido.
Olha-me! Sou teu
Realiza esse homem, mulher.
Deixe-me ser surpreendente.

sexta-feira, 9 de julho de 2010

Estranhos

Dava para ver o cansaço
Dos passos pela casa.
Na morada da nossa ausência,
Em nossa vida de descaso.


Fizemos do silêncio nosso som.
Nenhuma palavra,
Nenhum olhar,
Tudo em vão.


 Não me enxergas não te vejo.
Distante no mesmo ninho,
O toque virou alergia,
Nenhuma forma de carinho.


No chão do quarto,
Sobras do que um dia foi desejo.
Vidas desperdiçadas.
Vidas em cacos estraçalhadas.


Cacos ao chão jogados.
Para todo dia serem pisados.
Sentindo a cada dia,
Uma dor diferente.


Assim seguimos.
Celebrando nossos silêncios.
Sem vida em nossas vidas,
Dormentes.
Somos almas falidas.

sábado, 3 de julho de 2010

Tecido

Em varal estirado, de arame farpado.
Rasgado aos poucos, retalhos.
Dividido em espaços.

Aos quatro cantos pousam os trapos
Tecido de algodão...
Embaraço,
Tentando juntar pedaços.

Pedaços de linho
Desfeitos, fiapos
Fragmentos pelo caminho.

A vontade de pano,
Novamente ser.
Desfazer nós.
Novamente tecer.

Em máquina que pulsa, fiar.
Montar a trama, refazer a teia.
Prover fios para aquecer.
Tecido apenas ser.