Ando agora. Apagando com cuidado o quadro negro da memória.
Relendo lembranças, jogando papeis fora.
Em partes de mim que me cabem
Vou dizer todos os nãos e sins mesmo que desagrade
Ando eu agora.
Ando com esse tempo, não o lá de fora
Mesmo nas madrugadas, atenta como o dia
Ouvindo da noite somente o que alivia.
Sem desamarrar o entardecer dos laços,
Sem deixar para traz os mais importantes abraços.
E mais fácil para os pulmões respirar somente o ar de hoje,
Sem me inflar com os porquês de outrora, ou os ansiosos de amanhãs.
Já que vida não tem prazo. Escolho.
No meio de tantos sonhos que se levantam todos os dias
Só quero os desse.
Quero o bom do saber que passei por mim
E que aos poucos fiquei. Eu, minha senhora.