"Eu não escrevo poesia, não escrevo poema. Eu só desnudo minha alma." Fátima Amaral

sexta-feira, 27 de janeiro de 2012

Simbiose

Tu vinhas e me provias
Em provas tuas
Fazia-me, minha.

Tu tinhas e me continhas
E contenho em ti tudo
O que é ser,
Encorajava-me a ser minha.

Tu fazias de mim
O ser meu
Por sentir o gosto
Do que é teu.

Tu sorrias e sóis se abriam
A sós não eram nunca noites e dias
E por mais uma vez
Fazia em mim
O lençol que de ti me cobrias

Provaste, deste, fizeste
De tantas e todas as formas,
Sentir a essência tua,
Que nasceu, de nós, a minha.

E mesmo sem ti
Jamais serei sozinha.
Dividistes o mesmo passo
Em mim, caminhas. 

segunda-feira, 23 de janeiro de 2012

Só por hoje

Hoje acordei assim...
Espaço!
Onde cabe tudo, inclusive abraços.
Acordei sol brilhando,
Sorriso conversando.

Sem me perder em pedaços a cada esquina
Como roupa de um número acima,
Porque emagreço com a amargura.
Mas deixe-a de lado.
Hoje acordei cantos cantados,
Presente e não passado.

Isso! Acordei no hoje
Não sou ontem
Não vejo amanha
Hoje sou somente hoje.

Sou essa conversa, essa travessa
Travessia, essa linha.
De apenas mais um dia,
Leve, brilhante
Aconchegante.

Hoje eu sou esse dia 
De desembaraçar de laços.
Só por hoje
Me complete com seu abraço.

sábado, 14 de janeiro de 2012

Mentira

Mente tudo
Mente a mente
Mente a boca entre dentes
Mente o sentimento,
Mente o sorriso
Sem aviso
Mente o corpo
Mentiroso maior
Mente a dor
O orgasmo, ah como mente
Mente, fingindo de prazer
Mente o drama e trama
Mente. Fingindo dormente

Mas alma não mente
Sente, mas não mente
Pode não dizer
Apenas sente
Mas não mente
Não mente os arrepios da pele
Não mente a oração
Não mente os vãos
Não mente os poros da alma
Os olhos não mentem
E esses são dela
Alma não mente.

segunda-feira, 9 de janeiro de 2012

O segredo da noite

O segredo da noite
Corria de forma silenciosa pelas veias
Num grito só, oco e ensurdecedor
Jogando contra a parede
Qualquer defesa
Toda lógica ou razão.

O segredo da noite
corria pela respiração
olhos e pulmão
num sorriso insano
de veneno profano.

O segredo da noite
Doía em volta do umbigo
Trancado entre paredes
Sem colo ou abrigo.

O segredo da noite
Acordou do pesadelo
Ficou na retina
Dorme no meu travesseiro.