Refém antigo, velho conhecido das dores artificiais, dos artifícios
carnais.
Dos venenos corrosivos ao sangue, nas veias, injetados.
Das dores por escolha escolhidas, que com o passar dos anos
passam a ser suas, como se tivesse sido assim por toda sua vida.
Velho conhecido dos becos e esquinas, se esquivando da luz,
sempre a meia cara, a meia noite a meia morte.
Velho sujeito, ser adjetivo, "insubstancial", vivo,
substância corrosiva, nociva. E ainda vivo.
Perambulando entre sãos e dementes não sabendo em qual dos
dois fica contente ou ausente.
Sem ser parte de algo efetivo, apenas vivo.
Absurdamente vivo, ínfimo, inflamado fugaz, intrigado com
trincheiras de teias artificiais tão nocivas, tão letais.
Atrás de atrasos de horas, sempre atrasadas, vivente
andarilho, sem presente.
Pescador não de sonhos, mas de ilusões, de efêmeros sentidos,
nunca de verdade sentidos.
Vitima de suas escolhas, refém antigo, tão antigo que se
perdeu no tempo, sem nenhum alento, vivendo assim, um passo a frente um atrás,
e não é dança é atraso.
Com as dores se entende, é delas o tempo todo, já conhece
todas as suas mesquinharias e divide com elas todas as suas agonias. Velhos
amigos.
É objeto, é dilacerante em si mesmo, ser titubeante, indireto,
indigesto
Já foi vida, agora e nada mais que vestígio de alguém que
nunca tenha vivido, uma máscara, quem sabe um feto.