"Eu não escrevo poesia, não escrevo poema. Eu só desnudo minha alma." Fátima Amaral

quarta-feira, 30 de maio de 2012

Liberdade


Ela atravessou os limites
Sem se preocupar com nada.
Dançou em corda banda
Sem olhar se no fim haveria estrada.

Ela se jogou nos braços na noite
'Toma-me, possua-me, sou tua"
E assim se fez e assim os fez.

Ela atropelou as desculpas
As condutas
Os comportamentos
Foi imensamente feliz
Nua, ao vento.

quarta-feira, 16 de maio de 2012

Espanto


Não, não nasci com o bem querer à vida,
Com o apego por ser vivente.
Nasci com a estranheza do horizonte,
Com o desconforto da pele apertada.
Nasci com a convicção de dominar 
as perguntas sem respostas.
De entender o espanto.

quinta-feira, 10 de maio de 2012

Porque sou despedida


Sou resto de espelhos
Colado com lágrimas
Vê- se em mim
Versões disformes
Multifacetadas.

Sou o inferno vivido
Na carne que um dia foi envenenada.
Erva daninha mal matada.

Sou água de cachoeira
Algo que se contempla
Mas não se adentra
O limo pode quebrar-te.

Sou esse aparato de discórdias
De causar medos
Por tanto segredos.

Aviso-te para boa sorte
Atravesse a rua
Siga outro rumo ao ver-me
Aconselho-te, procure outro norte.

domingo, 6 de maio de 2012

Poesia para libertar-me


Eu não preparo meu verso com zelo
Deixo-o gritar em desespero
Na ânsia de minha alma.

Falta doçura nesse canto
Ouvir a cantiga da vida
No momento que o acalanto.

Falta um calar carinhoso
Um colo previsto
Um sossego de sonhos.

Falta banhá-lo em água corrente
Pôr, a secar em varal ao vento
Abraçar-me a ele com carinho.

Usá-lo como a seda mais cara
-Na transparência necessária-
Vesti-lo como se fosse uma pétala
E...

Ouvir de minha alma
Que nunca emudece,
Perdoe-me!
Não sei fazer versos leves assim.

sábado, 5 de maio de 2012

Nós três

Há uma diferença de passos
De espaços
De desejos
Entre eu,
meu corpo
e minha sombra.

Saio à frente cometendo pecados
Todos eles.
O corpo vem logo atrás
Todo acabado
Pedindo à sombra
Que apague os vestígios
Nem me importo com os litígios

Siga em frente sorrindo
E lá vem o corpo criticando,
E a sombra se assombrando.



quarta-feira, 2 de maio de 2012

Vôo limitado

Sei que há em mim
Um pássaro que voa
Que desafia trovões
Riscos dos céus
Tempos de idas ou noites
Gaiolas e alçapões.

De visão distante, esse pássaro
Para os azuis de horizontes, tem muito apetite
Vôos de calor rasantes
E distâncias de muitos frios
Aventura-se sem medos
Em lugares escuros.
Destemido, pássaro meu. 

O meu lamento é que, 
O conheço por dentro.
Não vôo em suas asas.