"Eu não escrevo poesia, não escrevo poema. Eu só desnudo minha alma." Fátima Amaral

terça-feira, 16 de setembro de 2014

Necessidades da razão.

Os sapatos se aposentaram
os pés seguem sozinhos
há muitos trovões
entre a chuva 
e o próximo caminho.
O que ama, deixo para trás
petrificado
em seu sofrimento
Não há mais cura.
Sigo.
Vazio de sentimento.

domingo, 23 de março de 2014

Das lições do apego

Acordei com tantos dias no dia de hoje, com a sensação de ter experimentado o amor, a dor e outras drogas, senti a vontade de ver os rabiscos da memória desafiando as linhas, letras e restos. Muitos rostos nos dias de hoje, muitos outros que vieram de ontem, de longe. 
Nesse momento fecho janelas e portas para não acordar os amanhas. Nesse tempo que me promete. Não só emoção, não só razão, mas o prazer desses sentimentos. Batendo em minha porta loucos de lucidez, sentidos pelo amor, a dor e outras drogas. Para aqui ficarem, matando a saudade da casa, preenchendo as paredes de palavras, trancando o que hoje está liberto. Hoje acordei com tantos dias... 

quinta-feira, 7 de novembro de 2013

Aos poucos

Um pouco de corpo, pouco
Um pouco no copo, muito

Muito da noite, vida
Muito do dia, cansaço

Um oco no peito, vazio
Um peito repleto, sufoco


Palavras poucas, carência
Palavras demais, fadiga.

Tempo demais pra nada
Tempo pouco, pra vida.

Talvez...

Um pouco de corpo na noite
Vida e cansaço
Sufoca a carência
A fadiga do corpo.
Tempo pouco pra um tanto de vida...
Quase nada.

quinta-feira, 15 de agosto de 2013

O sofrimento da poesia

A poesia às vezes grita, grita muito, 
Vira bicho, quer morder, arrancar pedaços.
Quebrar todos os ossos, torcer a pele feito pano
Ferir, fazer sangrar. E sangrar.
Chorar até cansar
Sair feito louca nas ruas. Nua.
Falando sozinha...
Sobre os que dormem
Dos sonhos que nunca acordam
De pássaros que rastejam
Das pedras que olham
De certos incertos, enfim...
Quando a descobrir assim, disforme, distorcida,
Compreenda.
É a única forma que ela tem de encontrar quietude.

terça-feira, 23 de julho de 2013

Meu verbo é sentir.

Sinto tudo que chega até meus caminhos, a razão me deu olhar necessário para filtrar o que fica. O que vale a pena ficar. Sei que, o que vivo nesse momento é repetido, não a história em si, os sentimentos despertados. É a outra face das horas, a outra cara da vida. É hora de me resgatar, o casulo há que ser quebrado. Sair da síndrome do pobre coitado.  Descarto sem ressentimento o que não me acrescenta. Abraço o que me faz moradia. Meus passos estão sim, mais lentos. Mas meu olhar está mais atento. Não me aventuro mais ao acaso, não quero tropeçar em descaso. Mas às vezes me distraio e caso, mas só por um mês, dois, talvez.

quinta-feira, 18 de abril de 2013

Prece

Parto perdido
No que habito 
Hábito que me devolve
Em pedaços
De pequenas presenças
Palavras dormem 
Mais cedo
O silêncio e mais preciso
Preciso desse olhar
Interno. Ajoelhar
A prece está em todo canto
Deste partir preciso
Sem me negar ao alento
Do que me dá luz
Antes que a estrada apague
Me apego
A um sopro que me alimente.



segunda-feira, 11 de março de 2013

Meu corpo se escreve em sentimentos estendidos

O meu corpo está escrito na mulher que sou
O depois, já chegou.
Veio na solitude que um dia
Já me apresentava.
No silencio e embriaguez dos passos;
Nem sempre escolhidos a dedos.
Nem sempre preenchendo espaços. 

Estendidas ao longo de mim 

ficaram as mãos, em silenciosa procura
A ler meu corpo vestido
Na cumplicidade com o tempo
(Em seu silêncio ruidoso)
A escrever meu corpo despido,

Tempo dos sentimentos estendidos.

No meu corpo a nudez está escrita
Como um tecido que desnuda nas linhas, 

sua forma transparente.
A amanhecer o tempo de ser, simplesmente.
Ser, sem o medo dos voos debaixo da noite.



quinta-feira, 7 de março de 2013

Direção

As costas doem
O corpo todo dói,
Pela investida teimosia
contrária ao tempo.

Não há direção 
no suposto certo.
Desde sempre rota inversa

Habituo-se ao desalinho.

Da primeira a última vértebra
Da sola aos fios de cabelo
Do que pulsa ao que pensa.

sábado, 2 de março de 2013

Espera


A flor bruta
Em fenda aberta
Os poros sem tato
Secura.
Espera...
Hora dessas chega,
Ou basta.
Dependerá
Se no querer,
Ainda haverá anseio.



sexta-feira, 22 de fevereiro de 2013

Inusitado


Já que brinco com o inusitado,
E assim se chama um dos lados meus
Assim clama todo meu corpo,
quando de mim as palavras querem sair
e andar por terrenos seus...
O deus que agora tenho me olha com gratidão,
O tempo que agora me anda, descansa meus pés ao chão.
Chão que finalmente piso, aliso, deslizo, porque o importante e ir, às vezes vir e noutras ficar
Já que sou o subverso do meu inverso
Então verso, verso me, verso você.
Brinco de ser crente, brinco até de ser carente.
E mais sério brinco ainda, de correntes.
Me prendendo e me soltando em linhas...
S o l t i n h a s
Bem que  sinhá falou que de mim, algo vinha
E veio essa brincadeira de palavras, amarelinha.
Amar é linha.
Linha que choro e sorrio, grito e alivio.
Vida bem vivida, essa vida minha.
E ao final dessa linha, quando tudo parecer que foi dia desses,
E ver brancos meus fios, vou ainda escrever em rios, em riscos e rio, sou água, sorrio.