"Eu não escrevo poesia, não escrevo poema. Eu só desnudo minha alma." Fátima Amaral

terça-feira, 21 de dezembro de 2010

Feliz Natal - Feliz Ano Novo

                              

Natal:


sentimento que,
enchendo o abismo do universo,
cabe com seu esplendor,
No olhar de uma criança,
no cálice de uma flor,
Esse Jesus imortal, único, bom e clemente,
de quem sou o mais humilde crente.


Mártir que fez com seu olhar sublime,
o luar do perdão para a noite do crime,
abriu com a luz da bem-aventurança,


Jesus...


Deus menino homem que está,
Como um farol da glória,
No cume da montanha escavada da história,
contemplando o infinito,
iluminando a terra.


Essa luz que a flor da alma humana encerra,
É de quem sofre,
é de quem geme,
é de quem chora,
É de todos que vão pela existência afora,
Tristes (santo, herói, escravo ou proscrito),
os pés calcando o lodo...
os olhos voltados para o infinito.


O Natal está nos olhos das crianças,
em suas mãozinhas delicadas,
que revelam sempre novas surpresas.
O Natal está em suas faces alegres e
em tudo o que dizem.


(Autor Desconhecido)




Desejo à todos vocês dividiram comigo essas linhas, minhas palavras um Natal cheio de luz e paz!!
E um Ano Novo repleto de saúde e realizações.


     Feliz Natal!!!        Feliz Ano Novo!!!

terça-feira, 7 de dezembro de 2010

Tempo de ser

Haverá alguém de ser, haverá alguém estar.
Para que outros sejam, para que outros fiquem.

Haverá alguém que crê, haverá alguém que viva.
Para eu outros creiam, para que outros vivam.

Haverá alguém no tempo, exato tempo de ser.
Sendo em todo tempo somente o Ser.

Há de deixar o tempo, às vezes ser somente.
Mas não há de esquecer do Ser.
Para não esquecer que és unicamente semente.

quarta-feira, 24 de novembro de 2010

Reticências...

Em minhas reticências
Lugares de reentrâncias
De infinitos pontos
Desses de se perder.

Entremeios que te prende
Ao tentar me achar
Abstrata como o ar.
Ar que precisas
Mas não pode tocar.

Essa porção minha
Que não vês,
A que mais sinto,
Que mais diz
De meu ser.

Estou justamente
Nas reticências
Que não lê.

domingo, 21 de novembro de 2010

Os sentidos e a verdade

De luz tão intensa
(A olhos nus não vista),
Vista-os de roupa fina
Para não ferir a retina.

De adjetivos únicos
Dito por única voz.
Emudeça, cale
Outra palavra não cabe.

De intrigante sabor
Ao paladar de poucos aceito,
Difícil sorver os goles
Do que arde no peito.

De arrepiar a pele
Pelo excesso de calor,
Retenha os movimentos
Dessa aparente dor.

De inebriante aroma
A opção é respirar
Mesmo querendo fugir
Do incômodo ar.

quinta-feira, 11 de novembro de 2010

Deixe tudo assim

Deixe tudo assim
Da forma que encontrou.
Só leve contigo
As marcas das unhas na pele,
O gosto na boca,
O suor nas têmporas,
Da vida que se foi.

Deixe tudo assim
Para trás,
Só leve as lembranças
De noites quentes
E agora ausentes.
Do calor na pele
Leve o frio
A angústia do cio.

Deixe tudo assim,
Nessa aparente calma.

quarta-feira, 27 de outubro de 2010

Fases  é um daqueles poemas que leio e penso, queria ter escrito isso..rs.
De uma Poetisa que muito admiro Maristel Dias dos Santos - http://www.minhapoeta.net/
(Maris, demorou mas aí está..rs... Beijos meu)

Fases


Matéria cansada
Procura o fim
Vazia a taça
Emborca na face
Fase - solidão
Oca do instante
Sumindo no céu
... Sou lua minguante.

Instinto inclemente
Na última hora
O impulso final
Navegar é preciso
A face reviro
Na fase latente
Colhendo no céu
... Sou lua crescente.


Surge prematura
Seqüestra a luz
No renascimento
Sem pena, sem medo
Na fase do algoz
É fértil, desova
Parindo no céu
... Eu sou lua nova.


É canto de cisne
É última chance
Quer engravidar
De sonho e paixão
A face oferece
Na fase da teia
Pendura no céu
... Eu sou lua cheia.

quarta-feira, 13 de outubro de 2010

Sou frase tua

Sou frase tua
 Nascida em teu ventre
  Dita em tua boca

 Aninhada em teu seio
  Sobre teu colo

 Abortada em silêncio
  Gritada em desespero

 Pulsando no peito
  Correndo nas veias

 Somente sentida
  Tampouco racionalizada

 Num desses tantos verbos
  Dita por tantos motivos

 Nesse egoísmo teu
  Nesse nosso egoísmo

 Nesse reflexo de espelho
  Onde você se perdeu

 De tanto ser frase tua
  Me escrevo...eu 

segunda-feira, 4 de outubro de 2010

Amantes

O dia vem se espreguiçando
Entrego-me a sua invasão,
Aos poucos vou me dando
Seduzida por sua razão.

Despeço-me do colo na noite
Noite quente sentida.
Revezo entre meus amantes
Pelo prazer, vencida.

Aos dois pertenço
Com intensa igualdade.
Não deixo que eles percebam
A minha infidelidade.

De um só não saberia ser
Pelos prazeres tão distintos
Perco-me em seus encantos
Completo-me em seus sentidos.

Vivo dessa maneira atrevida
Do dia sou agora,
Quando a noite chegar
Dormirei com a alma despida.

terça-feira, 28 de setembro de 2010

Além dos muros

Rasguei paredes desses muros,
Refúgio de dores escuras.
Permiti à cor, entrada,
Que nesse lugar fizesse morada.

Queimei os sentimentos únicos
Em tórrida fogueira.
Joguei ao vento às cinzas.
Chamei a pluralidade dos mesmos.

A luz acendeu brilhos
Que achava não mais serem meus.
Modifiquei minhas cores.
Dei mais tempero aos sabores.
De bom grado um adeus.

De todas as vivências sempre serei.
Mas optei não ser mais delas.
Troquei as amarras do sou,
Passageiramente estarei nelas.

Sem muro, um novo instante
Novo vislumbre do que em mim preciso.
Na precisão desse jardim além do muro.
Um pedaço em mim, de paraíso.

quarta-feira, 22 de setembro de 2010

Louca

Ela estava especialmente linda
Naquela tarde.
Olhos vidrados,
Meio sorriso fixado,
Cabelos desacordados.

Coração acelerado,
Sôfrega respiração,
Efêmeros sentidos,
Sentimentos sádicos.

Com um ar sutilmente insano.
Baton vermelho à boca,
Salto quinze,
Lindamente louca.

Tensa, tesa
Querendo...
Febril surpresa
De suas presas.

sexta-feira, 17 de setembro de 2010

Os lobos crescem

No jardim secreto
Havia uma criança encolhida
Querendo colo
Ser acolhida
Querendo crescer
Sem mais ser tolida...

Cansei do meu silencio
Grito o meu silencio
Cansei de viver suspenso
É hora de dizer o que penso

Quero todos os detalhes do espelho
Todas as linhas
Todas as curvas
Só agora nas curvas tortas
Vejo as linhas retas
Os caminhos mais certos

Cansei do meu mistério
De todos os meus segredos
De todos os medos

Cansei do veneno
Correndo em minhas veias
Cansei do mundo paralelo

Cansei da hipocrisia
(de todos e das minhas)
Cansei dos banhos mornos
Quero água fria

Cansei da morte
Em mim todos os dias
Na vida que me resta
Quero pulsar vida

Enfim...
Cansei da criança do jardim.

sexta-feira, 10 de setembro de 2010

Pintura de lágrimas

As lágrima tem cores,
Toda sorte de cores.
Todas as cores das contas,
Das contas do tempo.
Colorindo o peito
Ora quente, ora frio.
Nas cores da alegria
As cores das mágoas.
São assim essas lagrimas,

Elas determinam o quadro
Que por hora é pintado
Na face, na cara.

São cores fáceis.
Não há lágrima rara,
Não há lágrima que
Já não tenha sido usada.

As obras, essas sim podem ser raras,
Sendo a cor às vezes tão forte
Que vinca, marca, cicatriza,
Fazendo dela pintura cara.

quinta-feira, 2 de setembro de 2010

A palavra

Eu sei que há uma palavra que esta em mim
E dela nascerão mil outras palavras.
Eu sei que ela habita em mim, pois, eu habito nela.

Ela está logo ali na janela...pra cá...além dela.

Enquanto isso vou rabiscando algumas delas,
Ela será de todos quando mil outras forem
Até lá habitaremos em nós, a sós.

É só o tempo do sentimento.
Da volta...na volta.

terça-feira, 31 de agosto de 2010

Fecundação

Êxtase...
Na minha, na tua mente imprudente.

Meu olhar no teu olhar.
O que interessa e o ardente,
Sorrir, ficar contente.

Meu tato com o teu calor,
Pudor?
Despudoradamente.

Meu olfato com o teu odor,
Inconseqüente,
Latente e urgente.

Meu gosto com o teu sabor,
Semeia-se a semente.
Nova vida novamente.

quarta-feira, 25 de agosto de 2010

Linha atemporal

Sustenta essa linha no espaço.
Em meu peito aberto.
Em infinito tempo
No teu abraço.

Sustenta essa linha no tempo.
No antes e pós ligados,
De diferentes horas
Em diferentes lados.

Sustenta essa linha no afeto.
Além do sentimento carnal,
Na calmaria da ilimitada calma,
Querer incondicional.

Sustenta essa linha na vida.
Em corpo de ser pulsante
Para voltar a ser
Um único ser mais adiante.

Sustenta essa linha na morte
Nesse sentir espiritual
Em nossa alma, nossa palma
Essa linha atemporal.

quinta-feira, 19 de agosto de 2010

Sonho de sombras

Seu refúgio era à sombra do vento.
Única forma de fugir dos lamentos.
Talvez a sombra de uma árvore...
Mas o tempo fixo não lhe cabe,
É tempo que não suporta
E hora demais em suas voltas.
O vento é amigo certo,
Cabe dentro de suas incertezas.

À vida alheio...olhar de distância,
Levado por sentimentos transitórios.
Acalenta-se a sombra que lhe cabe.
Refugia-se nos vazios constantes
Ao vento que lhe acolhe.

terça-feira, 17 de agosto de 2010

Medo

Alienado pelo medo
Juntando segredos
Fazendo deles grades
Prisões que o invadem.

Cérebro encarcerado.
Pena de morte.
Em vida condenado.

Sufocando em desespero,
Desafio de cego
O cego de venda proposital.
Criando no bem
Seu próprio mal.

Dominado pelo absurdo
Deixando-o
Cego, mudo, surdo.

Apavorado pelo trinco
A porta e seu inimigo.
Trancando em seu casulo
Fazendo do medo seu mundo.

sexta-feira, 13 de agosto de 2010

Cabelo

Moldura teu rosto,
Desliza em seus ombros,
Acaricia suas costas nuas.

Suas madeixas
Chamam-me como medusa.
Preso por elas, me usa.

Estendem-se na cama
Como tapete,
Enfeite.

Brinca de cabana
Sobre meu rosto.
Acaricia-me,
Deleite.

segunda-feira, 9 de agosto de 2010

Cicatriz de anjo

Na leveza do espaço.
Perdida em teus laços.
Meu querer era teus braços...
...Asas leves, como somente um anjo pode ter.

A sensação de não andar
Sem medo de cair,
Na confiança de teu vôo me alçar...
...Passos suave, como somente um anjo pode pisar.

Levada nesse vôo
Sem perceber as doses de engano
Que aos poucos me dava...
...Enganos, como somente um anjo pode ludibriar.

Antes em nuvens morava.
Não há mais céu.
Somente penas pelo chão.
Das asas só as cicatrizes ficaram...
...Cicatrizes na alma, como somente um anjo pode deixar.

terça-feira, 3 de agosto de 2010

Meu eu em mim

Em mim...sonho.
Em mim...oponho.

Às vezes parto inteira.
Ultrapasso horizontes
Sou pássaro livre
Atravessando pontes.
Sou anjo com asa.

Às vezes parto metade.
De frente à realidade
Sou pé no chão
Horizonte limitado.
Anjo sem asa.

No conflito do eu comigo.
Em incertos momentos
Torno-me meu inimigo,
Às vezes apiedo-me
E dou-me abrigo.

Entre o que sonho
E o que me oponho.
Às vezes sonho contido
Às vezes sonho comigo.

sábado, 31 de julho de 2010

Plena

Quero a vida real
Sem ilusões de máscaras
Sem filosofias vãs
Ser apenas natural

Quero a fé verdadeira
Crer por crer
Sem explicações à templos
Aquela que se encontra aqui dentro

Quero somente a verdade
Não importa intensidade
Não quero ilusões de viagens
Labirintos de vertigens

Quero chão que eu pise
Não quero meias propostas.
Não quero quase chegar lá
Quero lá estar

Quero vida tatuada
Não quero vida de giz
Não quero mentiras
Quero raiz

Não quero rir por rir
Quero motivo pra isso
Nem que seja necessário
Refazer o início.

Não quero muito ter
Só o que tenho direito
Quero apenas ser
O ser do meu peito

quarta-feira, 28 de julho de 2010

Refém

Há um ladrão dentro de mim.
Que me assola,
Me espanta,
Me assusta.

Age por conta própria
Domina a ordem,
Faz da pulsação
A desordem.

Digo a ele não!
Não escuta,
Reluta.
Me assombra,
Me faz tremer.

Tendo a adrenalina
Como comparsa
Fico refém.
Não há o eu faça.

E mesmo sabendo
Que não é o certo,
Me convence
E me deixa perto
Tão perto,
Que não enxergo.

Sem se importar
Se vai me aprisionar.
Resiste.
E me deixa sem ar.

E rouba, cinicamente rouba!
Mesmo sob protesto meu.
O sabor do beijo teu.

quarta-feira, 21 de julho de 2010

Sensibilidade

Dormiram dentro da minha alma
As dores e a calma.
Fiquei com a agonia
Cegando-me, não via.

Tateando no escuro.
No torpor de passos.
Não querendo acordar o espaço.
Que em mim residia.

A crença, amiga de horas frias
Em conversa com a alma minha
Em acordo chegaram e diziam...
Que finde a letargia.

Num gesto de clemência.
Os olhos foram abertos.
O tempo pegou as dores.
E a calma fez o dia.

Na claridade que agora se fazia,
Dentro do espaço que não mais dormia.
A calma falava em linhas.
As dores em entrelinhas.

Dando novo sentido aos sentimentos,
No encaixe perfeito que o tempo fazia.
Ao entender a prece, aceitei o que dizia...
Liberte-se em poesia!

domingo, 18 de julho de 2010

Metade

Onze anos de distância.
Onze anos de saudade.
Onze anos de aprendi a ser só.
Onze anos de não me sinto solitária.
Onze anos de estou bem, não se preocupem.

Onde carreguei os onze anos?
Nos onze anos de ombro.
Nas onze cruzes carregadas.
Mas também nos onze anos
De novas estradas.

Horas de dores minha?
Milhonésima de milhão e mil.
Sem esquecer centésimos,
Segundos, minutos e algo além das
Vinte e quatro horas.

Horas que me conformei?
Zerocentos e zerenta e zero.
Qualquer décimo abaixo da escala,
Figura o tempo de sentir
O dor de onze anos.
Quem dera a distância,
Fossem apenas oceanos
Mas ok me conforto.
Sobrevivi, vivo e rio.

Onde andei, importa.
Foi dolorido; mas...
E exatamente aí que está
Um dos segredos das portas abertas.
As portas da alma.

Aonde chego é o que vale
Agora vejo novamente
Rios vales, e muito além deles
É o que mais vale.

Sem a intenção de ser dramática,
Mas apenas de dizer:
Dói; e “a” dor... dói muito.
É fato.
E muito menos melodramática,
Mas há a beleza do amor.
Apesar de trágico
Amo! Além da morte.

Apesar de não compreender,
Agradeço,
De sempre e ainda amar
Então tá. Aceito.
Que seja assim até
Infinitamente infinito fim.

sexta-feira, 16 de julho de 2010

Vil Criatura

Bebe a ti mesmo.
Come a ti mesmo.
Como vil criatura,
Insaciável.

Faz do vazio tua opção.
Faz da mentira tua jura.
Da ilusão tua oração.

Destrua a ti mesmo.
Divida-se em pedaços.
Dê aos pedaços.

Esquece de ser.
Para apenas ter.
Iluda-se.
Consuma.
Suma.

terça-feira, 13 de julho de 2010

Desejo

Carente, à espera de um beijo ardente,
De alguém que não o sente.
Passaram-se os anos de inocente,
Olho com desejo, querendo sentir teu gosto,
Tua boca, com certeza quente.


Provocas-me sem saber.
Meu corpo grita pelo seu ansiosamente,
Queimo de desejo, você fica displicente.


Fico à espera
De um beijo que acalente.
Deixa-me tocar-te,
Pra sentires todo o desejo
De alguém que veio de um ventre.


Mas que agora, homem,
Sonha em voltar pra próximo do teu.
Com desejo, ousadia.
De forma prazerosa,
Só nossa... unicamente.


Sem cobrança, sem medo,
Só o desejo, talvez só o permitido.
Olha-me! Sou teu
Realiza esse homem, mulher.
Deixe-me ser surpreendente.

sexta-feira, 9 de julho de 2010

Estranhos

Dava para ver o cansaço
Dos passos pela casa.
Na morada da nossa ausência,
Em nossa vida de descaso.


Fizemos do silêncio nosso som.
Nenhuma palavra,
Nenhum olhar,
Tudo em vão.


 Não me enxergas não te vejo.
Distante no mesmo ninho,
O toque virou alergia,
Nenhuma forma de carinho.


No chão do quarto,
Sobras do que um dia foi desejo.
Vidas desperdiçadas.
Vidas em cacos estraçalhadas.


Cacos ao chão jogados.
Para todo dia serem pisados.
Sentindo a cada dia,
Uma dor diferente.


Assim seguimos.
Celebrando nossos silêncios.
Sem vida em nossas vidas,
Dormentes.
Somos almas falidas.

sábado, 3 de julho de 2010

Tecido

Em varal estirado, de arame farpado.
Rasgado aos poucos, retalhos.
Dividido em espaços.

Aos quatro cantos pousam os trapos
Tecido de algodão...
Embaraço,
Tentando juntar pedaços.

Pedaços de linho
Desfeitos, fiapos
Fragmentos pelo caminho.

A vontade de pano,
Novamente ser.
Desfazer nós.
Novamente tecer.

Em máquina que pulsa, fiar.
Montar a trama, refazer a teia.
Prover fios para aquecer.
Tecido apenas ser.

domingo, 27 de junho de 2010

Espelho



Dentro de tua moldura vejo meu reflexo,
Sou tão parecida com ele
Como os dois lados de uma moeda,
Como o côncavo e o convexo.

Em mim vejo a beleza, a coragem e a atração,
Em ti vejo o medo, a insegurança e a solidão.
Luto em mim internamente
Na tentativa de sair do eterno luto,
Em ti o desdém de quem não quer mais lutar.

Procuro a identificação dos meus lados
E o que vejo são as diferenças,
Tão gritantes que assustam.
Em mim vejo a menina em ti vejo a idade,
Em mim os sonhos em ti a realidade.

Identifico apenas a igualdade em nossos olhos,
Não são mais vermelhos; resta apenas a tristeza,
Nesses olhares que tanto presenciaram.
São idênticas. Foram os anos que deixaram
Neles este ar cansado, triste de melancolia.

A dor das dores vivida, sentida e sentenciada.

Mas nem tudo está perdido, a alma em nossos olhos
Está identificada e com o passar dos anos,
E a permissão de novas vidas experimentadas,
O espelho nos trará a certeza
De nossas igualdades emolduradas.


quinta-feira, 24 de junho de 2010

Desencontro


Olha para o vazio.
Nos quatro cantos,
Nas paredes,
Na vida ausente,
No mundo.
Só vê vazio.
Vazio em todos os cantos.

O vazio retribui o olhar.
Cantos repletos de cantos,
Paredes sem branco,
Pessoas presentes,
Vida latente,
O vazio vê tudo.
Tudo em todos os cantos.

...Falta o encontro.

segunda-feira, 21 de junho de 2010

Unificados


Como tocar a alma de alguém
Cujo coração o céu levou.
Como transpassar o céu.
Necessito de asas para esse vôo.

Para encontrar o teu vazio.
Preencher uma metade ausente.
Dar vida a um lado frio,
A essa metade dormente.

Entrego-me a qualquer emoção.
Todo o sentimento para voar,
Alem da altura, além do que,
Nem você mesmo segura.

Do meio coração, faço-o inteiro.
Dando-lhe meu amor verdadeiro.
Una-se a mim, complete minhas asas.
Tire-nos do castigo. Voe comigo.

domingo, 20 de junho de 2010

Ato de Escrever


É sensibilidade, mentira e verdade.
É amor suave, é areia, é água e fogo.
Paz sublime leveza; cor de pureza.
Canto que se sente.
Ventre, entranhas, paredes,
Segredos de amantes.
E sede de lida.
De amanhã, hoje e ontem.
Coisas a fazer, verdades por trazer.
Um basta aos prantos.
E tesão, prazer, pudor, despudor.
Eu, você, pele e gosto. É gozo.
É liberdade. Preguiça.
É dor, angústia, raiva e sofrer.
Loucura, trauma, medo.
Desilusão, insegurança.
Sabedoria, invenção e segredo.
Ato, situação, sorte.
É chegada e partida.
Vida e morte.
Constante e inconstante.
São os quatro elementos
Separados e ao mesmo tempo.
E a distorção de Dali
Um ponto lá, uma vírgula ali.
É frio e calor, noite e dia.
É liberdade; asas da imaginação.
É noite, manha. É calma.
É tudo, é mais..... e muito mais.
Acima de tudo é alma...
É somente alma!

sexta-feira, 18 de junho de 2010

Pedra


Pedra pela rua chutada.
Pedra bruta no canto encostada.
Valor algum, nem olhada.

As lágrimas fizeram seu trabalho.
Incansavelmente,
Sendo elaborada.

Nas mãos da vida, retocada.
Ficou mais atraente,
Começa a ser notada.

Com a experiência,
Passa a ser lapidada.
O tempo dirá o valor,
Da pedra rara encontrada.