"Eu não escrevo poesia, não escrevo poema. Eu só desnudo minha alma." Fátima Amaral

quinta-feira, 29 de março de 2012

Reza profana

Sou o fim do terço                                        
Na momentânea satisfação
De santidade.

E ao findar
Restam duas partes
Onde o pecado reside
Insatisfeito
Vejo-o rindo,
De deboche!

[Santificastes?
Que bom!
Venha aliviada
Tem mais dois terços de pecados.]
   
E rezo mais três terços
Aflita!
E ao findar...
Quanta maldade!
Aparecem seis partes.

E nessa equação de terços culpados
Confesso! Se, rezo tanto
É porque não resisto ao pecado.


quarta-feira, 28 de março de 2012

Caminhando

Observei em muitas palavras nos cantos
Que há estações completas,
Em mim estações que se completam.

Que há horas exatas
Que há o momento exato (e há)
Que dores são certas
Em crescimento necessário.

Observei a tudo que me assisti
Entendi os limites
Vontades sendo ditadas
Estou aqui, sujeita.

Quero caminhar dentro de mim
No tempo do tempo,
No tempo meu,
No sossego que ele me deu.

Quero a tua ausência
Para encontrar minha presença.
E quando eu chegar,
Terás abraços que não serão só os seus
Dessa vez também serão os meus.

Egoísta?
Penso.
Não.
Sou eu.

quinta-feira, 22 de março de 2012

Enigmática

E mais uma vez ele chegou e me disse...
“Escuta, tentei tantas vezes, te falei, gritei, acariciei em teus ouvidos, faça, faça isso e você nunca me ouviu, preferiu esse caminho febril.
Agora, pela última vez (talvez) me ouça! Olha aquele caminho é seu. É destino. Terás que seguir sozinha, vá não seja incrédula mais uma vez, não conte, não pense, vá! Haverá lá na frente depois das pedras uma chance, saberá o porquê de quase tudo, vá”.
 
Ela olhou-me com seus olhos de tristeza, olhar desses que carregam dentro de si a dor. E era essa, a dor, o único sentimento que eu conseguia definir nela, no mais em seu corpo todo, nenhuma pista do que ali se passava, com seus cabelos da cor da noite que me faziam pensar que entre eles corriam todas as linhas de pensamentos nos emaranhados dos fios. E por mais que eu tentasse definir o que ali se passava, não via mais nenhum sinal de qualquer outra expressão. Apenas esses olhos de dor e indefiníveis segredos...
  
Gritei, então...
“O tempo se esgota, hei me escuta. Não de novo não. Não feche essa porta!!!”

E eu fechei não me sinto preparada, prefiro ficar parada, deixe, ele voltará quem sabe um dia me convença.
Até lá fico aqui com minha sordidez, optando pelo calor da dúvida dos meus medos e segredos, na minha falta de lucidez. Nessa minha loucura que talvez seja sintomas não de um, mas de todos os amores e dores sem cura.
  
E ouvindo seus passos que já iam distantes, um último pensamento em mim se fez... 
"Um dia me pegas ou te pego ou elucido ou enlouqueço de vez." 

segunda-feira, 12 de março de 2012

Prece

Naqueles dias de abrir janelas de vento
Sol de cortinas soltas
Há um bem querer no olhar, há.
Onde respirar é uma prece.

Os olhos de menina sorriem
Sem nenhum emaranhado,
É momento de colher tudo
Que nasce nesse mundo
Receber as escolhas aqui dentro
Pelo teu próprio nascimento.

E olhando à frente
O horizonte é da distância
De um desamarrar de laços...
O alcance é do tamanho de um abraço.
Não há nenhum atraso de sentimento,
E um sentir além de vida, que há.

quinta-feira, 8 de março de 2012

Ganhei um presente lindo!!

Pessoal, nesse dia especial que é dedicado à nos mulheres, eu pensei em escrever algo.. mas o Lufe, com todas suas qualidades artísticas e excelente contador de causos, amigo de blogs, amigo virtual, mas com quem tenho grande afinidade, amigo que sabe um pouco mais da minha vida além dos meus poemas, que me leva ao seu buteco, mesmo eu não bebendo nada alcoólico..rs. Amigo... enfim me presenteou de forma inesperada. Ele sabe do lado "segredo" da minha vida, deve imaginar a importância desse gesto tão carinhoso, para mim. Mais uma vez obrigada, de coração.
O presente:
http://butecodolufe.blogspot.com/2012/03/flor-da-pele.html
Fiquei muito emocionada!!. Espero que gostem
Beijo meu

terça-feira, 6 de março de 2012

Folhas

Eu sou árvore
Eu não tenho asas
Eu não vôo
Voam minhas folhas
Que se desprendem
Me desnudam
Assim ao sabor do vento
Eu não viajo
Eu habito
Eu protejo
Alimento e observo
À minha sombra
O mundo se passa.

Mas não sou anjo
Não tenho asas
Sou folhas
Do sol ao orvalho
No repouso com a lua
Na viajem das águas
A minha distância é longa
Percorro o chão
Em muitas direções
Decerto são minhas linhas
Longas distâncias
Percorro silenciosa assim
Busco água
Mato sede
Dou sombra
Permito uma rede
Uma visão de um horizonte
Sem fim.

Mas não vôo
Não tenho asas
Sou árvore
tenho folhas
E bem verdade
Elas voam
E nelas...
Nelas somente escrevo
E vão assim
Voando com minhas palavras.