E mais uma vez ele chegou e me disse...
“Escuta, tentei tantas vezes, te falei, gritei, acariciei em teus ouvidos, faça, faça isso e você nunca me ouviu, preferiu esse caminho febril.
Agora, pela última vez (talvez) me ouça! Olha aquele caminho é seu. É destino. Terás que seguir sozinha, vá não seja incrédula mais uma vez, não conte, não pense, vá! Haverá lá na frente depois das pedras uma chance, saberá o porquê de quase tudo, vá”.
Ela olhou-me com seus olhos de tristeza, olhar desses que carregam dentro de si a dor. E era essa, a dor, o único sentimento que eu conseguia definir nela, no mais em seu corpo todo, nenhuma pista do que ali se passava, com seus cabelos da cor da noite que me faziam pensar que entre eles corriam todas as linhas de pensamentos nos emaranhados dos fios. E por mais que eu tentasse definir o que ali se passava, não via mais nenhum sinal de qualquer outra expressão. Apenas esses olhos de dor e indefiníveis segredos...
Gritei, então...
“O tempo se esgota, hei me escuta. Não de novo não. Não feche essa porta!!!”
E eu fechei não me sinto preparada, prefiro ficar parada, deixe, ele voltará quem sabe um dia me convença.
Até lá fico aqui com minha sordidez, optando pelo calor da dúvida dos meus medos e segredos, na minha falta de lucidez. Nessa minha loucura que talvez seja sintomas não de um, mas de todos os amores e dores sem cura.
E ouvindo seus passos que já iam distantes, um último pensamento em mim se fez...
"Um dia me pegas ou te pego ou elucido ou enlouqueço de vez."