"Eu não escrevo poesia, não escrevo poema. Eu só desnudo minha alma." Fátima Amaral

quarta-feira, 26 de outubro de 2011

Silêncio

E por vezes
Sinto algo tão somente feito de silêncio,
Como se eterno o silêncio fosse.

Como se não ouvir
Nada do mundo,
Fosse melhor que
Ouvir alguma coisa.

E esse momento de quietude
Trás um instante de mim.
Que deveria um dia ter sido.

E pego esses instantes
E componho meus sentidos
E completo meus sonhos
Que agora se tornam.

E antes que o som volte
Sinto-me.

Torno-me ser aos poucos
Noutras doses de calmarias
Outros silêncios
Em outros dias.

segunda-feira, 24 de outubro de 2011

Sensatez

Te provo aos poucos
Poucos poros por vez
Afasto-te
Assim não te gasto
Assim não te gosto
E nem desgosto
Te volto
Na saudade
Em mais pedaços
Me satisfaço
Mais nunca ao todo
Nunca de uma vez
Deixo para a volta
Para não cansar
Do desejo meu
Que teu já se fez.

sexta-feira, 21 de outubro de 2011

Preciso do que há em mim...

Mudo meus caminhos
Me desfaço do teu sorriso
Ele não me faz sentir possível.

Aquieto-me em silêncio,
Escrevo nas paredes
O que penso.

Piso em chão não mais incerto.
Gosto do gosto do sentir, do verbo
Meu lugar me cabe,
Não são mais ocos os ecos.

Há no espelho imagem
Vejo de céus mensagem
nasci em mim, parto demorado,
tempo necessário.

Nos passos que sempre andei
Foram somente os meus números
que procurei.

Encontro-me,
E me digo...
Eu preciso do que hoje há em mim
Como nunca precisei antes.

terça-feira, 18 de outubro de 2011

Do sentir e da palavra

Transbordo
Sentir,
Pensar,
E por vezes penso
Que falta palavra
Para expressar.

Mas não,
Palavra é farta
Falta guiar sentimento
Por linha certa.

Mas se for somente reta
A palavra perde a sutileza.
Há de ter nos caminhos
Desvios,
Destinos,
Pra dar sentido
E beleza.

E, volto ao ponto de partida
Do sentir e da palavra
Se não há rumo
Não vejo prumo.  
Se, aprumo          
A desconcerto.       

sexta-feira, 14 de outubro de 2011

Um amanhã de distância

Preciso ser algo que ainda não sei
Que ainda não sou.
Preciso ir a lugares onde nunca estou
há ali falta, ausência de minha presença,
Preencho-os me preenchendo.

Há passos que já estão marcados
As pegadas estão lá fixadas
São meus números
Preciso pisá-las, vestir-me.

É o amanha está logo ali, tanto que o avisto aqui,
E eu me apresentando somente ontens.

O fio das horas me lembra que logo será manhã
(perto demais para eu conseguir me alcançar)
Preciso de mais tempo
De alguns esquecimentos.

Desfazer-me de ontem.
Desfazer-me de mim.
Preciso de um amanhã com distância de mais dias.

quarta-feira, 12 de outubro de 2011

Sono (de criança)

Minha palavra está com sono
Distraída com as letras 
Com pontos.... vírgulas,,, e acentos^~´`

Parece ingênua criança que brinca ao jardim,
Pula amarelinha....

                           Pula para outra linha.

Minha palavra está com olhos doces
Em doces sorrisos ☺☺
De boca lambuzada.

Está com corpo de cama
Se espreguiça 
Distraídaaaaaaa, ops.

Desta vez salta...

                            duas linhas

E assim um tanto dormente,
Pelo sono inocente,
Vai brincando com o que sente♥

                                     
À todas as crianças que permanecem dentro dos que me visitam, um feliz dia!


domingo, 9 de outubro de 2011

Talvez desta vez, fale de amor

Não procures o que não tenho
Sentimentos meus são asas que voaram
Para o outro lado há muito tempo,
Não mais me pertencem.

Não me cobres como se eu não soubesse amar.
Amo tanto que o meu amor ultrapassou a linha da vida
E lá esta, a cera das asas ainda não derreteram
Não posso alcançar, não é mais meu.

Não me olhes esperando que olhe teu coração
O meu nem mais está em meu peito.
E não me culpe
Se toda vez que me olhas
Estou sempre olhando para mim,
Nesse meu eu sem fim.

Se não olho teu olhar,
Não é porque não há tempo
É porque não caminham na mesma vida.
É pela distância de cada momento.

sexta-feira, 7 de outubro de 2011

Atrevida

É o toque na pele
Os poros dilatados
É o vai e vem da vida
Você ao meu lado
Dia e noite acordados
Nos arrepios dos poros
É fogo fervendo água
Nas minhas secretas maldades
Impudicamente ousadas
É o subir da descida
Se não for assim, não sinto vida
Há de ser atrevida
Se for para acabar contigo
Acabo.
Mas que seja com um gemido.

terça-feira, 4 de outubro de 2011

Às vezes...

Às vezes me quebro inteira
Às vezes só lamento
Durmo dor, acordo sentimento.

Às vezes sinto frio
Noutras me esquento
Durmo fora, acordo dentro.

Às vezes desfaleço
Às vezes ressuscito
Durmo morte, acordo vida.

Às vezes elas fracassam
Eles me são alívios
Durmo lágrimas, acordo sorrisos.

Às vezes muitas me cansam
Às vezes dou-me colo
Durmo tantas, eu acordo.

Às vezes cometo pecados
Noutras me reparo
Durmo corpo, acordo alma.

Às vezes morro nas linhas
E renasço nas entrelinhas
Durmo palavras, acordo poesia.